Através deste projeto propomos trabalhar o fortalecimento do vínculo cultural cantando e dançando o Batuque no âmbito do IFAP conhecendo a história desde suas raízes africanas influência nas manifestações regionais na cidade de Macapá.
O IFAP organicamente trás em sua política interna a visão da educação inclusiva como um direito garantido para todos e nesta perspectiva o "Projeto "O Batuque Cantado e Dançado no IFAP campus Macapá" nos trará a oportunidade de resignificarmos pré-conceitos segregadores possibilitando sentimento de pertencimento e ancestralidade, no conhecimento da história, além da continuidade do batuque por novas gerações. Significa também evidenciar o cotidiano do folião do Batuque perpetuar e salvaguardar nossa cultura centenária.
O Batuque é uma manifestação da cultura brasileira que tem influências africanas e em sua música e dança "justifica-se a magnitude do Batuque como instrumento de luta e valorização da cultura imaterial quilombola, instrumentalizada no fazer escolar." (COELHO, Clicia & DINIZ, Raimundo, 2017, pag. 3)
Há um pouco mais de 134 anos a abolição da escravidão acontecia no Brasil iniciando uma luta pelo reconhecimento da liberdade como direito de está e ocupar os espaços públicos sem sofrer discriminação e violência física no entanto ainda presenciamos o racismo no cotidiano das instituições como escolas e família acontecerem muitas vezes levando a vítima a morte: "Qualquer tipo de racismo não se justifica, ninguém explica, Precisamos da lavagem cerebral, Pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural, Todo mundo é racista não sabe a razão"( Grabriel O Pensador, Racismo é Burrice, 1993)
Nesta perspectiva o projeto "O Batuque Cantado, tocado e dançado no IFAP campus Macapá através dessa manifestação cultural que traz para o público e participantes a visão multiculturalista que forma a unidade da cultura brasileira.
HISTÓRICO e origem do Batuque do Igarapé do Lago
A Comunidade do Igarapé do Lago, distante 95 km da cidade de Macapá, hoje é um distrito do município de Santana, com 2.200 habitantes (IBGE, 1996), foi descoberta pelo casal de escravos Custódia e Marsal, que encontravam-se na localidade de Mazagão Velho, oriundos das ilhas de Açoures Africana, de onde vieram fugidos dos trabalhos escravos. Seus donos eram os brancos Joana Varela e seu esposo, que os mandaram desbravar terras. O casal de negros descobriu a localidade de Igarapé do Lago e voltaram para Mazagão Velho com a notícia. A senhora Joana Varela se apossou de todas as terras de Igarapé do Lago, que era chamado pelos antigos de “Posse Santa Bárbara”. Joana Varela estabeleceu-se onde hoje é a Vila de Igarapé do Lago e apropriou-se das terras descobertas por seus escravos. Todas as pessoas que queriam fazer suas residências pediam autorização à senhora Joana Varela. Contam os mais antigos do lugar que apesar de ela ser portuguesa, branca e de olhos azuis, eram pessoas de boa índole.
O casal de escravos Custódia e Marsal, tiveram os filhos (tronco): Áurea Macêdo, Izabel Macêdo, Belmiro Macêdo, Rita Macêdo e Sebastião Macêdo. Os descendentes dos quatro troncos passaram a comandar e organizar a festa cultural deixada por seus antepassados.
A senhora Joana Varela tinha um filho branco e muito bonito, de olhos azuis, o qual foi numa festa em Mazagão Velho e conheceu uma moça chamada Áurea Macêdo, que era negra, e começaram a namorar. Sua mãe não se opôs e consentiu a união, dai a razão da mistura de etnia. Por esse motivo, no Igarapé do Lago não encontram-se somente negros, a predominância maior é de Afro-Descendentes, mas encontram-se brancos e pardos.
As primeiras festas Afro-Descendentes, onde só se dançava o batuque, aconteciam em um lugar chamado “Pedrinhas”, na casa grande, local chamado São Joaquim, que era frequentado, quase na sua totalidade por negros. Depois, a senhora Joana Varela consentiu realizar os primeiros “Batuques”, na Vila de Igarapé do Lago. O acesso à comunidade era somente de canoa, ou seja, via fluvial, porque nessa época não existiam estradas.
A dificuldade para realizar essa festa era muito grande, tudo era produzido pela comunidade, inclusive os instrumentos do Batuque, que até hoje são confeccionados na comunidade.
A Festa de Nossa senhora da Piedade existe a quase 200 anos. O evento tem entre outros acontecimentos, novenas, batuque, procissão fluvial e bailes populares. A tradição da Festa de Nossa Senhora da Piedade teve sua origem no início do século passado, introduzida por Belmiro Macêdo de Medina, que liderou a organização dos festejos e formou grupos de foliões.
A festa possui uma estrutura ritualística respeitada pelos moradores, sendo o batuque o ponto principal da comemoração cultural. Os instrumentos usados no batuque são rústicose fabricados por pessoas da própria comunidade. São três os tambores de formatos cônicos denominados de cupiúba, macacaúba e cajuna.
A bandeira é um símbolo com a imagem de Nossa Senhora da Piedade representando a fé e o respeito cristão, é ornamentada com plantas caseiras e silvestres como: cróto, bambu, samambaia e tajá. Ela é manuseada com bastante habilidade durante a procissão da “Meia Lua” (procissão fluvial) e, segundo os antepassados, ela não pode tocar na água.
O folião mais antigo é chamado mantenedor, ou seja, de disciplina. É o mantenedor quem estabelece pena aos foliões, para quem não cumprir alguma obrigação para com Nossa Senhora da Piedade. A “talabarda”, que é uma cruz branca de dois metros de altura, representa fé em Cristo e Maria. Oitenta mulheres “Escravas devotas de Nossa Senhora da Piedade”, são as bailantes que dançam durante o Batuque, segurando as saias e cantando o coro das músicas tiradas pelos cantores. O cargo das bailantes é vitalício e, no caso de morte, pode haver substituição depois de uma análise da diretoria da Festa. Entre os instrumentos temos ainda o rapador, várias tabocas. A Santa é conduzida por uma mulher da comunidade que é denominada de guardiã de Nossa Senhora. Essa função só é passada para outra pessoa no caso de promessa.
Programação
22/11 - Oficina sobre a Historicidade do Batuque: Elzilene Araújo Dias e Oficina sobre a Musicalidade do Batuque: BANDAIAS - Wendel Uchôa
23/11 - Oficina sobre a Instrumentalidade - Wendel Uchôa e Oficina sobre a Dança - Danny Pancadão
24/11 - Encerramento do Evento com a apresentação de Batuque
Data de Realização: 24 de Novembro de 2022 às 08:00 à 24 de Novembro de 2022 às 12:00
Data de Inscrição: 24 de Outubro de 2022 às 08:00 à 22 de Novembro de 2022 às 12:00
Local Auditório Campus Macapá
Data de Realização: 22 de Novembro de 2022 às 08:00 à 22 de Novembro de 2022 às 10:00
Data de Inscrição: 24 de Outubro de 2022 às 08:00 à 25 de Novembro de 2022 às 12:00
Local Auditóriuo Campus Macapá
Data de Realização: 22 de Novembro de 2022 às 10:00 à 22 de Novembro de 2022 às 12:00
Data de Inscrição: 24 de Outubro de 2022 às 08:00 à 22 de Novembro de 2022 às 12:00
Local Auditório Campus Macapá
Data de Realização: 23 de Novembro de 2022 às 08:00 à 23 de Novembro de 2022 às 12:00
Data de Inscrição: 24 de Outubro de 2022 às 08:00 à 22 de Novembro de 2022 às 12:00
Local Auditório Campus Macapá
Data de Realização: 23 de Novembro de 2022 às 10:00 à 23 de Novembro de 2022 às 12:00
Data de Inscrição: 24 de Outubro de 2022 às 10:00 à 25 de Novembro de 2022 às 12:00
Local Auditório Campus Macapá